Moradores do bairro de Machauchau, em Mulotane, no distrito de Boane, queixam-se da falta de abastecimento de água potável. O drama vivido por mais de 5 mil famílias só é minimizado por um fornecedor privado que vai vender o precioso líquido duas vezes por semana.
É um drama o que se vive no bairro Machauchau, no distrito de Boane.
Quando o dia amanhece, crianças, jovens, adultos e até idosos travam uma batalha para sobreviver.
Não é para menos, é que não há água para o consumo, banho e muito menos para construção.
É um calvário vivido por mais de 5 mil famílias que segundo a senhora Ginoca, só se minimiza nos dias de chuva.
“Mama, Papa, estamos a sofrer por falta de água em Mulotane. Se o senhor da Lalgy não trouxer água às terças e sexta-feira, sofremos. Se não chove não lavamos mantas, para lavar uniforme das crianças é um outro problema sério. Por favor, estamos a pedir água” apelou Ginoca Raul, residente de machauchau.
Vezes sem conta o marido de Carla foi ao serviço sem tomar banho, porque a pouca água que consegue, deve ser muito racionalizada. Para ela, é um martírio viver em machauchau.
“A nossa vida está um caos. desde que eu cheguei neste bairro, água compra-se. sem dinheiro não há vida. 1000 litros de água custam até 700 meticais e só dá para usar por uma semana” lamentou Carla, outra residente.
Dona Salita vive com os netos e conta que há vezes que passam um dia inteiro sem comer e sem beber um copo de água, por falta de 20 meticais para comprar o precioso líquido.
“Não vou a machamba, sou idosa e não trabalho. Estamos a sofrer, chegas a dormir sem ter bebido água ou se quer cozinhar, não temos nada, não temos água, não tomamos banho, não cozinhamos e dormimos com fome” disse a anciã.
Lina da Graça é uma menina com idade escolar. Partilha o desafio de ter que usar uniforme sujo para ir à escola.
“Entro as 12 horas. Às vezes vou com uniforme sujo devido a falta de água. Aquele tio só vem às terças e sextas” disse Lina da Graça.
O problema não é de hoje e as autoridades locais sabem, mas segundo o chefe de quarteirão, Leonardo Zunguze, até aqui nada foi feito além de promessas.
“Fomos ao governo do distrito e eles mandaram técnicos do FIPAG para irem ao bairro. Disseram que tinham um projecto na mesa mas o mesmo levaria um tempo para a sua execução. As reclamações continuaram e os moradores optaram por ir diretamente à FIPAG para manifestar e esta entidade prometeu que iria identificar alguns pontos para colocar tanques” explicou Leonardo Zunguze.
Os munícipes chegaram inclusive a mostrar disponibilidade em comparticipar nas despesas, mas parece que faltou boa vontade do FIPAG.
A empresa Águas da Região Metropolitana de Maputo disse em exclusivo à STV que já tem uma solução à vista para minimizar o problema.
“A curtíssimo prazo estamos a trabalhar já com a estrutura local no sentido de começarmos a fornecer água através de camião cisterna. Tal como disse, não temos infra-estruturas e não temos como canalizar água para as casas, entretanto, há necessidade sim de se minimizar esse problema. Vamos alocar 16 tanques nos locais identificados” explicou Arone Tivane, Administrador técnico da empresa Águas da Região Metropolitana de Maputo .
Aliás, Arone Tivane tem datas concretas de curto, médio e longo prazo.
“A ação de minimização é imediata, o mais tardar até quarta-feira da próxima semana iremos iniciar o fornecimento de água com camiões cisterna. A médio prazo, um ano ou um ano e meio, porque temos que mobilizar algum financiamento que é para garantir a instalação da conduta que irá abastecer a esta zona” concluiu.
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